sexta-feira, 13 de julho de 2012

Reflexões Finais - por RENATA TODESCATO

Conhecer o sudeste asiático nunca fez parte dos meus planos. Sempre que planejei uma viagem (a lazer, principalmente), outros países ou regiões estiveram na minha lista de prioridades. Por ignorância, talvez, ou por pura falta de curiosidade sobre o outro lado do mundo. Independente dos motivos que não me fizeram aspirar tal destino, hoje posso dizer que estive profundamente equivocada. A experiência que vivi nesses 25 dias foi muito mais que conhecer o que países bem colocados no ranking Doing Business fazem para incentivar o empreendedorismo e apoio às pequenas empresas, foi conhecer pessoas e culturas que têm objetivos claros quando se fala em desenvolvimento. Desenvolvimento do seu país e mais, desenvolvimento do ser humano.

E fomos para o outro lado do mundo, literalmente. Começamos pela Coreia do Sul, por Seul, onde a diferença é de 12 horas à frente do Brasil. Assim, acordava com sono e ia dormir na hora do corpo acordar. Logo na chegada, tive uma boa percepção desde o aeroporto (digno de primeiro mundo) até o nosso guia Brian, que fala muito bem inglês e é super simpático (não sei por que eu achava que os coreanos eram fechados). A Coreia do Sul foi o país mais oriental que visitamos. As reuniões seguem padrões rígidos como o horário para começar e para terminar, quem deve falar, quem deve ouvir, qual o foco e ponto final. Dúvidas? Se passou do horário agendado, mandem por e-mail, por gentileza! Como eu trabalhei com japoneses durante cinco anos, não tive muita surpresa. No geral, foram muito amistosos, mas tive a percepção de que eles sabem o quanto estão à frente do Brasil e que, portanto, não haveria troca. Nós fomos lá para ouvir e eles estavam lá para fornecer. Não houve interesse em saber quem somos e/ou o que fazemos. Dá pra entendê-los!

Próxima parada: Tailândia, Bangkok. Esqueçam as fotos magníficas que sempre se vê desse país. A capital não tem nada daquilo. Cidade suja, trânsito caótico, carros cor de rosa (talvez não precisasse, mas queria mencionar, eles têm carros rosa-shocking, pink mesmo). Andar na rua dava medo, não senti segurança, mas como estava acompanhada do grupo, me arrisquei. Em oposição à Coreia, percebi que a Tailândia tem um grande interesse no Brasil, em conhecer nosso trabalho, em saber como podemos promover parcerias. As reuniões foram bem mais parecidas com as nossas. A apresentação é informal e fala-se de amenidades antes de ir ao ponto central. O clima é muito mais leve. Ainda comparando com a Coreia, a Tailândia está  alguns anos atrasada em relação ao seu desenvolvimento. Esse pode ser o motivo do interesse no Brasil e em formarmos parcerias. Com certeza, temos mais similaridades.

A Malásia foi a grande surpresa dessa viagem. Kuala Lumpur superou todas as expectativas ao ser uma cidade limpa, desenvolvida, com prédios novos, ruas largas (três pistas na maioria delas). Tinha a sensação de estar numa cidade dos EUA ou Alemanha. Eles querem ser país desenvolvido até 2020. Pode parecer um desafio ousado, mas depois de ver o plano estratégico desenhado, com foco e prioridades para cada entidade local, não tenho a menor dúvida que alcançarão seu objetivo. Os malaios são o povo mais “latino” que encontramos. Gostam de conversar, são informais, algumas reuniões até começaram com atraso, sempre tem um cafezinho no meio e são muito simpáticos. E “marqueteiros”. Não houve uma entidade que fizemos reunião na Malásia que não tentou nos vender a Malásia. Existe até um programa do governo chamado: Malaysia as a second home. Precisa dizer mais alguma coisa?

Singapura é surpreendente, mas é o que se espera mesmo! Cidade que é Estado e tem apenas 3 milhões de habitantes, onde tudo é controlado, até o números de veículos nas ruas. Sim, você primeiro precisa comprar um licença de placa (80 mil dólares) para poder importar um carro para a ilha. O presidente é denominado CEO e a cidade funciona como se fosse uma empresa, ou um big brother (como preferir, já que você está sendo monitorado). Uma ilha que não tem recursos naturais e chegou a ser dependente da Malásia em 80% do seu consumo de água, financiou pesquisadores e hoje tem, entre muitas outras, uma máquina que capta a umidade do ar e a transforma em água (experimentamos a água, e é o mesmo gosto). Percebe-se que não há obstáculos que os façam recuar!

Dubai foi uma parada conveniente já que nosso voo passaria por lá. Uma cidade no meio do deserto? É isso. Fora o calor insuportável, é incrível, os xeiques, que são muito criativos, pagam para construir o que têm na cabeça e, pronto, constroem. Simples assim! Vamos aterrar 15 km mar  adentro em formato de palmeiras? Ok, estão fazendo. E eu perguntei o porquê de todas as construções serem bege, vemos uma monocromia na cidade, e a explicação (simples) é que, como há muito vento, a areia é fina e fica em suspensão, sujando todas as casas e prédios. Assim, não tem por que pintarem de outra cor, já que tudo ficará bege um dia! Aqui merece falar sobre a religião e os costumes. As rezas ressoam em altofalantes no meio das ruas, acontecem cinco vezes ao dia e quem quiser entra nas mesquitas para rezar. Sobre uso das burcas: os homens usam se quiser, podem ser brancas ou beges e podem mostrar o rosto, a maioria usa, notei que eles têm orgulho em usá-las. As mulheres podem ou não usá-las também, a cor é preta e, dependendo do grau de religiosidade da família, mostram o rosto. Outras mostram somente os olhos (como ninja) e algumas nem isso, tapam com um véu! Ficamos pensando se esse costume permanecerá por muitos anos, considerando que o governo local tem incentivado muito a entrada de empresas multinacionais e, com isso, a vinda de pessoas do mundo todo. Ao andarmos pelas ruas e shopping, percebemos a grande mistura que aquele país está se tornando, e é um choque vermos uma moça coberta dos pés à cabeça e outra de shortinho e de chinelos.

Agradeço ao Sebrae/PR pela experiência que me ofereceu. Indiscutivelmente única por vários aspectos. Seja por conhecer o que países-referência estão pensando e fazendo, para proporcionar um futuro melhor aos seus empreendedores, seja por entrar em contato com culturas e costumes ímpares que nos agregam de forma intangível. A missão ao sudeste asiático me fez refletir sobre o que somos hoje e, mais importante, o que podemos ser amanhã.

2 comentários:

  1. Muito interessante! Adorei o texto, deu vontade de conhecer a Malásia, em especial.

    Adriana

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  2. Muito legal Renata. Gostei do seu relato resumo pois consegui imaginar cada local. Certamente uma experiência muito interessante! Abraços

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