Conhecer o sudeste asiático nunca
fez parte dos meus planos. Sempre que planejei uma viagem (a lazer,
principalmente), outros países ou regiões estiveram na minha lista de
prioridades. Por ignorância, talvez, ou por pura falta de curiosidade sobre o
outro lado do mundo. Independente dos motivos que não me fizeram aspirar tal
destino, hoje posso dizer que estive profundamente equivocada. A experiência
que vivi nesses 25 dias foi muito mais que conhecer o que países bem colocados
no ranking Doing Business fazem para
incentivar o empreendedorismo e apoio às pequenas empresas, foi conhecer
pessoas e culturas que têm objetivos claros quando se fala em desenvolvimento. Desenvolvimento
do seu país e mais, desenvolvimento do ser humano.
E fomos para o outro lado do
mundo, literalmente. Começamos pela Coreia do Sul, por Seul, onde a diferença é
de 12 horas à frente do Brasil. Assim, acordava com sono e ia dormir na hora do
corpo acordar. Logo na chegada, tive uma boa percepção desde o aeroporto (digno
de primeiro mundo) até o nosso guia Brian, que fala muito bem inglês e é super
simpático (não sei por que eu achava que os coreanos eram fechados). A Coreia
do Sul foi o país mais oriental que visitamos. As reuniões seguem padrões
rígidos como o horário para começar e para terminar, quem deve falar, quem deve
ouvir, qual o foco e ponto final. Dúvidas? Se passou do horário agendado,
mandem por e-mail, por gentileza! Como eu trabalhei com japoneses durante cinco
anos, não tive muita surpresa. No geral, foram muito amistosos, mas tive a
percepção de que eles sabem o quanto estão à frente do Brasil e que, portanto,
não haveria troca. Nós fomos lá para ouvir e eles estavam lá para fornecer. Não
houve interesse em saber quem somos e/ou o que fazemos. Dá pra entendê-los!
Próxima parada: Tailândia,
Bangkok. Esqueçam as fotos magníficas que sempre se vê desse país. A capital
não tem nada daquilo. Cidade suja, trânsito caótico, carros cor de rosa (talvez
não precisasse, mas queria mencionar, eles têm carros rosa-shocking, pink mesmo).
Andar na rua dava medo, não senti segurança, mas como estava acompanhada do grupo,
me arrisquei. Em oposição à Coreia, percebi que a Tailândia tem um grande
interesse no Brasil, em conhecer nosso trabalho, em saber como podemos promover
parcerias. As reuniões foram bem mais parecidas com as nossas. A apresentação é
informal e fala-se de amenidades antes de ir ao ponto central. O clima é muito
mais leve. Ainda comparando com a Coreia, a Tailândia está alguns anos atrasada em relação ao seu desenvolvimento.
Esse pode ser o motivo do interesse no Brasil e em formarmos parcerias. Com certeza,
temos mais similaridades.
A Malásia foi a grande surpresa
dessa viagem. Kuala Lumpur superou todas as expectativas ao ser uma cidade
limpa, desenvolvida, com prédios novos, ruas largas (três pistas na maioria
delas). Tinha a sensação de estar numa cidade dos EUA ou Alemanha. Eles querem
ser país desenvolvido até 2020. Pode parecer um desafio ousado, mas depois de
ver o plano estratégico desenhado, com foco e prioridades para cada entidade
local, não tenho a menor dúvida que alcançarão seu objetivo. Os malaios são o
povo mais “latino” que encontramos. Gostam de conversar, são informais, algumas
reuniões até começaram com atraso, sempre tem um cafezinho no meio e são muito
simpáticos. E “marqueteiros”. Não houve uma entidade que fizemos reunião na
Malásia que não tentou nos vender a Malásia. Existe até um programa do governo
chamado: Malaysia as a second home. Precisa
dizer mais alguma coisa?
Singapura é surpreendente, mas é
o que se espera mesmo! Cidade que é Estado e tem apenas 3 milhões de
habitantes, onde tudo é controlado, até o números de veículos nas ruas. Sim,
você primeiro precisa comprar um licença de placa (80 mil dólares) para poder
importar um carro para a ilha. O presidente é denominado CEO e a cidade funciona como se fosse uma empresa, ou um big brother (como preferir, já que você
está sendo monitorado). Uma ilha que não tem recursos naturais e chegou a ser
dependente da Malásia em 80% do seu consumo de água, financiou pesquisadores e
hoje tem, entre muitas outras, uma máquina que capta a umidade do ar e a
transforma em água (experimentamos a água, e é o mesmo gosto). Percebe-se que
não há obstáculos que os façam recuar!
Dubai foi uma parada conveniente
já que nosso voo passaria por lá. Uma cidade no meio do deserto? É isso. Fora o
calor insuportável, é incrível, os xeiques, que são muito criativos, pagam para
construir o que têm na cabeça e, pronto, constroem. Simples assim! Vamos
aterrar 15 km mar adentro em formato de
palmeiras? Ok, estão fazendo. E eu perguntei o porquê de todas as construções
serem bege, vemos uma monocromia na cidade, e a explicação (simples) é que,
como há muito vento, a areia é fina e fica em suspensão, sujando todas as casas
e prédios. Assim, não tem por que pintarem de outra cor, já que tudo ficará
bege um dia! Aqui merece falar sobre a religião e os costumes. As rezas ressoam
em altofalantes no meio das ruas, acontecem cinco vezes ao dia e quem quiser
entra nas mesquitas para rezar. Sobre uso das burcas: os homens usam se quiser,
podem ser brancas ou beges e podem mostrar o rosto, a maioria usa, notei que
eles têm orgulho em usá-las. As mulheres podem ou não usá-las também, a cor é
preta e, dependendo do grau de religiosidade da família, mostram o rosto. Outras
mostram somente os olhos (como ninja) e algumas nem isso, tapam com um véu!
Ficamos pensando se esse costume permanecerá por muitos anos, considerando que
o governo local tem incentivado muito a entrada de empresas multinacionais e,
com isso, a vinda de pessoas do mundo todo. Ao andarmos pelas ruas e shopping, percebemos a grande mistura
que aquele país está se tornando, e é um choque vermos uma moça coberta dos pés
à cabeça e outra de shortinho e de chinelos.
Agradeço ao Sebrae/PR pela
experiência que me ofereceu. Indiscutivelmente única por vários aspectos. Seja
por conhecer o que países-referência estão pensando e fazendo, para
proporcionar um futuro melhor aos seus empreendedores, seja por entrar em
contato com culturas e costumes ímpares que nos agregam de forma intangível. A
missão ao sudeste asiático me fez refletir sobre o que somos hoje e, mais
importante, o que podemos ser amanhã.
Muito interessante! Adorei o texto, deu vontade de conhecer a Malásia, em especial.
ResponderExcluirAdriana
Muito legal Renata. Gostei do seu relato resumo pois consegui imaginar cada local. Certamente uma experiência muito interessante! Abraços
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